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Um homem pendurado em uma árvore pelos dentes

Mundinho pequeno... Em setembro de 2002, já a quase 10 anos, eu larguei tudo que era compromisso e fui para uma palestra que marcou minha vida. Nesta palestra o Lama Padma Samten se unira a mais três Mestres de duas escolas diferentes para apresentar o Budismo para os Universitários de Porto Alegre.

Na época eu era um pai solteiro, separado a um ano, eu acho, ainda não tinha a guarda do meu filho, e nem imaginava que teria motivos para pensar no assunto, começando em um emprego novo a poucos meses e também um recente universitário cheio de planos, que assim como a faculdade nunca iriam se concretizar.

Vivia uma urgência de ter de fazer escolhas que não pareciam ter soluções "fáceis" em meu futuro. Eu era  um homem pendurado em uma árvore por meus dentes... Se calasse ficaria perdido, se falasse estaria perdido. Então fui procurar ouvir os professores Budistas que o Lama Samten trouxe a Porto Alegre.

Se juntavam ao Professor Samten no 
Auditorio da Faculdade de Economia da UFRGS o Mestre Soto Zen (Japonês) Moriyama Roshi e o casal de professores da escola Escola Zen Kwam Um (Zen Coreano) na Africa do Sul, a Professora do Dharma Heila Downey e seu marido Rodney Downey.

Alí foi plantada a semente que me levou a buscar o Mestre Moriyama no ViaZen, lá conheci a Sensei Coen e através dela a Monja Isshin.


Hoje fiquei sabendo que a Jeane Dal Bo (do blog Bossa Zen), de quem eu, volta e meia, reposto textos e dicas de leitura aqui no "Arando", foi aluna exatamente da Professora Heila Downey.

Segue um texto postado pela Jeane Dal Bo em seu Blog:


Consciência Atenta em Ação *

Mestra do Dharma Heila Downey e Prof.Dhama Senior. Rodney Downey
em sua última visita ao Brasil em SP.
É como um homem pendurado em uma árvore por seus dentes ao longo de um precipício. Seus braços e pernas estão presos. Alguém segurando uma arma está perto e faz-lhe uma pergunta. Se o homem não conseguir responder a pergunta, ele será morto. Se o homem responder, ele vai perder o controle e cair para a morte. O que fazer?


Muitas vezes temos problemas em nossas vidas que são como koans, charadas insolúveis aparentemente. Por mais que tentemos encontrar uma resposta ou uma solução, o problema ou a questão se recusa a ir embora. O que podemos fazer em tais situações? 

Nós somos como aquele homem pendurado na árvore. Não há maneira de sair de lá. A vida é onde quer que a gente vá - não há maneira de fugir da nossa responsabilidade. Você está onde quer que vá - não há como ignorarmos a nossa condição humana. 

Vida? Questões só podem ser resolvidas através da entrega, renúncia, deixando ir. Quando você deixar ir totalmente, e perceber que você nunca teve nada para começar, incluindo a sua própria vida, então você pode fazer as coisas que você precisa fazer. Você não está olhando para finais felizes. Você não está sempre tentando amarrar as pontas soltas. Você não está tentando corrigir e controlar tudo. Você pode relaxar e estar com as coisas como elas são, e estar em paz com isso.



A renúncia começa a afetar o seu estado de espírito e sua conduta. Não faz sentido se agarrar a si mesmo e seus próprios desejos. Você pode se divertir, não há problema, mas não tente se agarrar as coisas. Não tente resolver tudo, para tornar a vida perfeita,porque ele nunca vai ser. Você não pode sempre se livrar dos problemas, mas você pode se livrar da mente que torna as coisas um problema. Deixe de lado essa mente, e você também deixará de ter problemas. 

E então será possível para você balançar lá (na árvore), apenas respirando. 

Se você se agarrar, está tudo bem, e se você cair, tudo bem.

Socorro, socorro! Salve-me, salve-me! Antes, eu alegremente mergulho na minha morte. 

Vejo você na Terra Pura! (referindo-se ao koan)



Que retiro maravilhoso! Foi formal, e todos se comportaram muito bem, com atenção plena e graciosamente. Que maneira bonita de estar neste mundo. Se este tipo de consciência atenta é realizada no local de trabalho, em nossas relações com nós mesmo se com os outros, a mudança positiva irá se manifestar no mundo. Não há necessidade de fazer nada específico - apenas estar presente, estar atento e consciente, de modo que você pode ser você mesmo, e estar com você, de uma maneira linda. Depois, você pode mesmo estar sob uma árvore e relaxar e em paz!


* Palestra do Dharma "Mindful Awareness in Action" dada em um retiro por Heila e seu marido Rodney Downey. Esse post foi publicado em 2006 em inglês. Agora republico traduzido. Mestra Heila foi minha professora de 2003-08. Em 2007 ela desligou-se da Kwan Um. Sigo com outro professor. 

Postado por Jeane Dal Bo

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