Pergunta – Como um psicólogo pode lidar com o que é levado até ele?
Monge Genshô – Bom, o psicólogo tem suas próprias técnicas. Ele trabalha num outro âmbito. Ele trabalha com “eus”, com a relação de um indivíduo com o mundo, tenta construir um ego estruturado que possa se relacionar bem no mundo. Mas não é assim que o zen trabalha. O objetivo de um mestre zen é na verdade destruir. É tirar o tapete de baixo do eu. Deixa-lo solto, sem nada onde se agarrar. É um processo completamente diverso e não é para ser aplicado para qualquer um, somente para aqueles que queiram se libertar, para uma pessoa que já apresente algum tipo de problema pode ser perigoso.
Então a prática do zen é uma prática para pessoas que estejam razoavelmente equilibradas, pois serão apresentadas à uma crise onde você não tem suporte. De repente você perde os deuses aos quais os homens sempre se agarraram. Se você tentar se apoiar no seu professor, ele não o apoiará, ele o apresentará à uma crise ainda mais aguda, colocando você em problemas mais difíceis, ou mesmo fazendo perguntas que você tem muitas dificuldades em responder.
Esses dias um homem me escreveu perguntando sobre a ordem subjacente do universo. Porque a matéria se organizava de maneira a fazer vidas, “eus” e coisas assim, um mundo como o nosso perdido dentro de uma imensa galáxia, que é apenas uma dentro de bilhões de galáxias, parece tudo sem sentido, ele queria uma ordem subjacente, e eu lhe perguntei, “uma ordem criada por quem, com qual objetivo?” Na verdade ele não vai encontrar o sentido ou objetivo, porque afinal esse próprio universo irá se dissolver com o tempo em entropia, as estrelas se apagarão, a matéria irá se desorganizando, a energia vai se espalhando de formas não aproveitáveis de modo que um dia esse universo se apagará, e você quer um sentido? Uma resposta zen é, “a vida é como ela é e as coisas são como são”.
"Teu discípulo se inclina com respeito". Este discípulo, por várias existências, por muitos kalpas, ficou preso nos obstáculos do carma, da ânsia, da raiva, da arrogância, da ignorância, da confusão e dos erros, e hoje, graças ao conhecimento que tem do Buda, reconhece seus erros e começa sinceramente... outra vez.
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