Pular para o conteúdo principal

PACIÊNTES MELHORAM MAIS QUANDO TERAPEUTAS FAZEM MEDITAÇÃO ZEN.

ScienceDaily ~ 18 de novembro de 2007 ~ Patients Do Better With Psychotherapist Who Practice Zen Meditation, Study Suggests


Uma investigação feita por pesquisadores alemães, liderado pelo Professor Marius  Nickel indica a prática da meditação Zen (*Meditação da atenção plena, ou Zazen) para melhorar a performace de psicoterapeutas em tratar os seus pacientes.

Todos os terapeutas dirigem a sua atenção de alguma forma durante a psicoterapia. Uma forma especial de aprender a dirigir a atenção é a meditação praticada no Zen, recomenda a pesquisa germânica de 2007.

Este estudo teve por objetivo analisar se e em que medida, o exercício que a prática budista chama de atenção plena (Zazen, ou “mindfulness”) por parte dos psicoterapeutas pode influenciar os resultados do tratamento de seus pacientes.

O estudo se deu em um curso de terapêutica e cruzou com os resultados do tratamento de 124 pacientes internados, que foram tratados por 9 semanas por 18 psicoterapeutas.

Os psicoterapeutas foram aleatoriamente designados para um de dois grupos: (I) aqueles que praticam a meditação Zen ou (II) grupo controle, que não realizava a meditação.

Os resultados do tratamento foram examinados por meio de 3 questionários comparativos:


º  Session Questionnaire for General and Differen-tial Individual Psychotherapy (STEP);

º  Questionnaire of Changes in Experience and Behavior (VEV);

º   e o Symptom Checklist (SCL-90-R).



Em conclusão o trabalho afirma que os terapeutas que praticavam meditação Zen tinham pontuações significativamente maior na capacidade de avaliar seus pacientes e na capacidade de esclarecimento e de ajudar na percepção de resoluções.


Suas avaliações também foram significativamente maiores para todo o resultado terapêutico na VEV. Além disso, o grupo de “pacientes” dos terapeutas que meditavam gerou maior redução dos sintomas do que o grupo controle no Índice Global de Severidade, incluindo os de psico-somatização, insegurança no contato social, obsessão, ansiedade, raiva / hostilidade, ansiedade fóbica, pensamento paranoico e psicoticismo .

Este estudo indica que a “atenção plena” promovida em práticas meditativas quando praticado por terapeutas pode influenciar positivamente o curso terapêutico e os resultados do tratamento em seus pacientes.



Journal reference: Grepmair, L. ; Mitterlehner, F. ; Loew, T. ; Bachler, E. ; Rother, W. ; Nickel, M. Promoting Mindfulness in Psychotherapists in Training Influences the Treatment Results of Their Patients: A Randomized, Double-Blind, Controlled Study Psychother Psychosom 2007;76:332-338


 * Atenção Plena ou Zazen: O termo atenção plena, mente alerta ou ainda consciência plena (ing. mindfulness, al. Achtsamkeit, fr. pleine conscience) designa uma atitude mental que se caracteriza por uma atenção ampla e tolerante dirigida a todos os fenômenos que se manifestam na mente consciente - ou seja todo tipo de pensamento, fantasias, recordações, sensações e emoções percebidas no campo de atenção são percebidas e aceitas como elas são[1]. O treinamento e aprendizado dessa forma de atenção, geralmente através de meditação e de outros exercícios afins, permite ao indivíduo uma maior tomada de consciência de seus processos mentais e de suas ações. A atenção plena, originalmente um conceito da meditação budista, desempenha um papel importante em várias formas recentes de psicoterapia, como a terapia comportamental dialética, o programa de redução do estresse baseado na mente alerta e a terapia de aceitação e compromisso.


Atenção plena no Budismo


Na tradição espiritual budista a quarta das Quatro Nobres Verdades refere-se ao caminho que conduz ao fim do sofrimento. As oito seções em que se subdivide esse caminho, chamado por isso Nobre Caminho Óctuplo, apresentam-se divididas em três grupos, o terceiro dos quais (Samadhi, meditação ou concentração) refere-se à disciplina necessária para se obter o controle sobre a própria mente, e assim, o fim do sofrimento. A disciplina meditativa engloba assim três seções: o esforço correto (Samma Vayamo) para melhorar, a atenção plena correta (Samma Sati) e a meditação correta (Samma Samadhi). Atenção plena designa, nesse contexto, um prestar atenção àquilo que é, de momento a momento. A prática da atenção plena ensina a suspender temporariamente todos os conceitos, imagens, juízos de valor, interpretações, comentários mentais e opiniões, conduzindo a mente a uma maior precisão, compreensão, equilíbrio e organização[2].
Atenção plena e psicoterapia

O uso de técnicas de meditação budista para fins medicinais-psicoterapeuticos é registrado pelo menos desde o século VIII, quando o monge zen-budista japonês Guifeng Zongmi descreveu, entre seus cinco tipos de meditação, um tipo dedicado às pessoas comuns, completamente isento de objetivos religiosos e voltado à saúde física e mental[3]. Uma maior divulgação da meditação ocorreu, no entanto, apenas na década de 60 do séc. XX, com a vinda do monge budista vietnamita Thich Nhat Hanh[4] [5].

Nos últimos anos um grande número de autores e pesquisadores, entre eles o médico americano Jon Kabat-Zinn e os psicólogos americanos Marsha M. Linehan e Steven C. Hayes, vêm se dedicando ao trabalho de oferecer para a meditação um referencial teórico científico, possibilitando assim seu uso terapêutico independentemente da conceituação religiosa budista e abrindo sua prática para um público mais amplo. A pesquisa mais recente oferece indícios de que uma série de terapias baseadas na atenção plena podem ser bem sucedidas no tratamento de dores crônicas[6], de estresse[7], e de comportamento suicidal[8]. recorrente
Referências

   1. ↑ Bishop, S.R., Lau, M., Shapiro, S., Carlson, L., et al. (2004). "Mindfulness: A Proposed Operational Definition", Clin Psychol Sci Prac 11:230–241.
   2. ↑ Bhavana Society Plena atenção hábil - Parte 1.
   3. ↑ Fischer-Schreiber, Ingrid, Franz-Karl Ehrhard, Michael S. Diener & Michael H. Kohn (trans.) (1991). The Shambhala Dictionary of Buddhism and Zen. Boston: Shambhala.
   4. ↑ Thich Nhat Hanh. BBC (2006-04-04). Página visitada em 2008-05-25. "Thich Nhat Hanh is a world renowned Zen master, writer, poet, scholar, and peacemaker. With the exception of the Dalai Lama, he is today's best known Buddhist teacher"
   5. ↑ Thich Nhat Hanh. Time (November 5, 2006). Página visitada em 2008-05-25. "One of the most important religious thinkers and activists of our time, Nhat Hanh understood, from his own experience, why popular secular ideologies and movements?nationalism, fascism, communism and colonialism?unleashed the unprecedented violence of the 20th century.[...] Nhat Hanh, now 80 years old and living in a monastery in France, has played an important role in the transmission of an Asian spiritual tradition to the modern, largely secular West."
   6. ↑ McCracken, L., Gauntlett-Gilbert, J., and Vowles K.E. (2007). "The role of mindfulness in a contextual cognitive-behavioral analysis of chronic pain-related suffering and disability", Pain 131.1:63-69.
   7. ↑ Grossman, P., Niemann, L., Schmidt, S., and Walach, H. (2004). "Mindfulness-based stress reduction and health benefits: A meta-analysis", Journal of Psychosomatic Research 57:35–43.
   8. ↑ Williams, J.M.G., Duggan, D.S., Crane, C., and Fennell, M.J.V. (2006). "Mindfulness-Based cognitive therapy for prevention of recurrence of suicidal behavior", J Clin Psychol 62:201-210.

Bibliografia

    * Bell, L. G. (2009). "Mindful Psychotherapy". J. of Spirituality in Mental Health 11:126-144.
    * Bishop, S.R., Lau, M., Shapiro, S., Carlson, L., et al. (2004). "Mindfulness: A Proposed Operational Definition", Clin Psychol Sci Prac 11:230–241. (Em inglês)
    * Fischer-Schreiber, Ingrid, Franz-Karl Ehrhard, Michael S. Diener & Michael H. Kohn (trans.) (1991). The Shambhala Dictionary of Buddhism and Zen. Boston: Shambhala. ISBN 0-87773-520-4
    * Germer, Christopher K.; Siegel, Ronald D. & Fulton, Paul R. (2005). Mindfulness and Psychotherapy. The Guilford Press. ISBN: 1593851391
    * Grossman, P., Niemann, L., Schmidt, S., and Walach, H. (2004). "Mindfulness-based stress reduction and health benefits: A meta-analysis", Journal of Psychosomatic Research 57:35–43.
    * Hanh, Thich Nhat (2004). Os cinco treinamentos para a mente alerta. Vozes. ISBN: 8532630308.
    * Kabat-Zinn, John(2009). Achtsamkeit für Anfänger. Freiamt a. Sch.: Arbor-Verlag. ISBN 978-3-936855-61-6
    * McCracken, L., Gauntlett-Gilbert, J., and Vowles K.E. (2007). "The role of mindfulness in a contextual cognitive-behavioral analysis of chronic pain-related suffering and disability", Pain 131.1:63-69.
    * Melemis, Steven M. (2008). Make Room for Happiness: 12 Ways to Improve Your Life by Letting Go of Tension. Better Health, Self-Esteem and Relationships. Modern Therapies. ISBN 978-1-897572-17-7
    * Williams, J.M.G., Duggan, D.S., Crane, C., and Fennell, M.J.V. (2006). "Mindfulness-Based cognitive therapy for prevention of recurrence of suicidal behavior", J Clin Psychol 62:201-210.
    * Williams, Mark, John Teasdale, Zindel Segal, and Jon Kabat-Zinn (2007). The Mindful Way through Depression: Freeing Yourself from Chronic Unhappiness. Guilford Press. ISBN 978-1-59385-128-6.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CONVERSAS ANÔNIMAS! VOCÊ, SEU NARCISISTA!!!

Gostaria de falar sobre esta postagem: Nada mais comum que uma postagem cheia de senso comum e conhecimento vulgar com uma compreensão enviesada do mundo. Tudo bem até aí? Só que não. Uma postagem assim além de reforçar o senso comum, lhe da uma validade. O que é ERRADO! A afirmação de que todo psicopata é narcisista é "FALSA"! E induz ao erro e preconceitos. Primeiro que não explica de que narcisismo se esta falando , segundo porque também não explica que o termo “psicopata” não é um diagnóstico válido descrito! Nem   está incluído no CID-10 e nem mesmo no DSM-5 ou em qualquer outro manual! Existe um natural "Narcisismo saudável", uma fase do comportamento que visa atender as próprias necessidades de forma equilibrada e respeitosa, sem prejudicar ou explorar os outros. Uma pessoa com narcisismo saudável tem uma autoimagem positiva, uma autoestima elevada, uma autoconfiança adequada e um nível aceitável de auto importância. O narcisismo saudável pode ser visto com

ATENÇÃO!

Você já teve a sensação de que está cada vez mais difícil manter o foco? Vivemos mergulhados numa chuva de estímulos – e isso tem efeitos mensuráveis sobre o cérebro. Veja quais são, e entenda a real sobre a moda que tomou as redes sociais: o jejum de dopamina. Por Bruno Garattoni e Maurício Brum (colaboraram Fernanda Simoneto e Valentina Bressan) Em 9 de janeiro de 2007, às 10h da manhã, um Steve Jobs saudável subiu ao palco do Moscone Center, espaço de eventos que a Apple alugava em São Francisco. “Vamos fazer história hoje”, disse. O iPhone não nasceu bem (dois meses após o lançamento, a Apple teve de cortar seu preço em 30%), mas acabou decolando. Vieram os aplicativos, redes sociais, o Android, a massificação. Hoje, 6,4 bilhões de pessoas têm um smartphone – superando com folga o saneamento básico, que chega a 4,4 bilhões. É bizarro, mas até tem seu nexo: o instinto humano de encontrar algo interessante, e prestar atenção àquilo, é tão primal quanto as necessidades fisiológicas.